domingo, 20 de outubro de 2013

A construção do conhecimento (6)


A construção do conhecimento (6)

 

Um país planeja e começa suas invasões, conquista outros países, com ataques ao estomago, conjugado com a palavra. A língua é um membro do corpo humano que funciona no processo da fala e das funções organolépticas, no processo do discurso e na apreciação de sabores. Povos invasores utilizam-se do sistema gástrico e gastronômico. Empurrando a palavra e o sabor, e forçando uma deglutição. Chegam com novos produtos substituindo os já existentes, convencendo por suas propriedades nutricionais, aromáticas, gustativas, ou de status. Produtos desenvolvidos e embalados por bases em estudos dos desejos e das vontades.

Depois passam a fazer incursões, munidos de drágeas e comprimidos, novamente atacando o aparelho digestório, sem uma chance de defesa, já que possuem marcas e patentes respaldadas por testes e comprovação científica. Testes foram feitos em cobaias e animais, inclusive nos mais próximos do homem, aquele que vem sendo considerado como um membro da família.

Por ultimo vem um ataque bélico, um ataque físico com objetivos físicos e geopolíticos, a ocupação de um espaço geográfico ou a usurpação de um bem de valor econômico, localizado em um determinado espaço geográfico. Determinado local geográfico, também pode ser um ponto estratégico para novas conquistas e novas dominações. A geografia serve antes de mais nada para fazer a guerra, disse Yves Lacoste. Ataques e domínios simbólicos.

A Europa lançou-se ao mar com alguns objetivos. Provar que a terra era redonda ou encontrar um caminho marítimo para chegar às índias, já que o caminho terrestre estava ocupado e dominado. Cada qual criou uma desculpa cientifica para se lançar ao mar. Darwin formou sua teoria da evolução das espécies, pesquisou uma diversidade de animais em diversos continentes. Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para as índias. Colombo e Cabral descobriram novas terras, que já estavam ocupadas. Os ingleses acharam que eram deus e que todos os mares eram seus (Chico Buarque).

Europeus precisavam chegar às índias para obter as especiarias, elementos da ciência culinária que poderiam diferenciar suas culturas umas das outras, dentro do pequeno continente. A Europa é formada por pequenos países, formados, dominados ou conquistados, queijos e vinhos definem suas fronteiras. Produtos pluralizados e diversificados a partir de duas simples matérias primas como a uva e o leite. Dois produtos primários que oferecem uma infinidade de resultados.

Conhecimentos de ambientes climáticos vão formar novos vinhos e novos queijos. Cascas e embalagens prolongam suas durabilidades, modificam, intensificam e apuram seus sabores. Seus conhecimentos e conquistas vão fazer diferenças e diversificações. Cada conhecimento está inscrito em determinado alimento, e explicito pelo seu sabor. Aquele que se alimenta e não produz um conhecimento ou não assimila um saber exerce uma práxis escatológica, modificando o mundo apenas pela sua presença.

Os portugueses ao desembarcar nas novas terras descobertas ofereceram aos índios alimentos utilizados naquela época, na Europa e em Portugal. Os estoques de víveres da frota continham alimentos vivos e conservados pelo uso do sal ou do açúcar. Os índios conheciam o uso do sal, conheciam a doçura das frutas, mas não o utilizavam nem o sal e nem o açúcar para conservar alimentos, não havia a necessidade de estocagem, um povo “incivilizado”, sem conhecimento científico.

Portugueses e índios não conheciam nem utilizavam o mesmo idioma, não se reconheciam ao falar, não conseguiram se comunicar. Pouco poderiam se comunicar por gestos, já que não conheciam hábitos e costumes do outro. A única certeza de um pelo outro é que consumiam alimentos. O gesto de comer é universal. Cada qual ofereceu alimentos de usos e costumes, como uma linguagem de intermediação. O denominado instinto, ou insigth, orientou para este gesto de trocas demonstrativas de interesses e desejos, mostre-me o que comes e eu saberei quem és. Nós somos o que comemos, ou comemos o que somos.

 

Jornal de HOJE

 
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  20/10/2013
 
 
 
Roberto Cardoso
(Maracajá)
 
 
Reiki Master & Karuna Reiki Master
 
Escritor
023.1461.13 CMEC
Cadastro Municipal de Entidades Culturais
Fundação Cultural Capitania das Artes
FUNCARTE
Natal/RN
 
Cientista Social
Jornalista Científico
Colunista em Informática em Revista
 
Sócio Efetivo do IHGRN
(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)
 
 
Até o dia 25 de outubro/2013 estou concorrendo ao PREMIO DESTAQUES DO MERCADO na categoria Colunista em Informática na publicação Informática em Revista.
 
A votação poderá ser feita usando um e-mail por mês. Após a votação espere o retorno do e-mail para validação do voto. Só após a validação é que o voto é computado
 

 

domingo, 13 de outubro de 2013

A construção do conhecimento (5)


A construção do conhecimento (5)

 

Saberes e sabores. O poder e o conhecimento começam pela boca. Adquire-se conhecimento pelos paladares e domina-se pela argumentação, e o conhecimento aumenta por vivencias e convivências. Um sistema hermenêutico de táticas, estratégias e poderes.

Os cursos superiores na linha top da atualidade são os de gastronomia. Estudam [ou deveriam estudar] locais e regiões, com suas histórias e suas influencias exercidas e sofridas. As batalhas começam no campo onde estão as plantações e terminam na cozinha com novos ingredientes, produtos e temperos trazidos pelos povos invasores associados aos costumes alimentares locais. Os comandantes dos exércitos negociam suas rendições e conquistas em volta de uma mesa. Traçam planos com táticas e estratégias, entre fermentados e destilados. Governantes de nações fazem acordos, oferecem água e alimentos, trocam presentes tal como os povos chamados primitivos, aqueles distantes na cronologia histórica. Atos e argumentos se repetem, até que em um momento perdemos seus primeiros significados e suas origens. Repetimos por repetir.

Um restaurante não tem fronteiras, possui salões para reuniões e degustações. E uma cozinha de restaurante possui uma gama de conhecimentos: biológicos, vegetais e minerais; geográficos e etnográficos, com gradientes de variações de temperaturas da câmara fria ao forno, passando por refrigeradores e banhos-marias. Um local de testes e experiências: químicas, físicas e biológicas.

O almoxarifado do restaurante citado anteriormente (A construção do conhecimento 4), está repleto com itens e ingredientes: regionais, nacionais, e internacionais. Funciona com controles de entradas e saídas de mercadorias. Controladas por guias de entradas e autorização de retiradas, em um processo de emigração e imigração de produtos.

Em cada seção dos restaurantes (são dois) usam-se modelos de comunicologia, como mapas de riscos, regras de manuseio de alimentos e outros dependendo das praças. Contam inclusive com uma praça das armas, com escaninhos individuais contendo as ferramentas de trabalho de cada colaborador, chairas, facas e outros utensílios. Há algum tempo era comum em cozinhas domesticas uma bateria, um conjunto de instrumentos e panelas destinados ao uso no preparo de alimentos.

Dentre os víveres estocados, no almoxarifado do restaurante citado, encontram-se produtos importados de valores agregados, azeites e óleos, vinhos e vinagres. Ervas e produtos condimentares, frescos ou secos, destratados ou em conservas. Uma nutricionista prepara cardápios para crianças, e para clientes com intolerância a algum produto. Uma casa gastronômica especializada em frutos do mar, preocupada com clientes vegetarianos e alérgicos a determinadas substancias. 

Nas salas de pré-preparos estão os produtos perecíveis, de origem animal e vegetal, de origem local. Na cozinha encontramos o fogo, resultado das guerras, que mescla e envolve os ingredientes, resultando novos sabores. Entre a cozinha e o salão corre o maitre controlando seus recursos humanos e materiais.

Todos os ambientes devem ter mapas de riscos. A guerra e as atividades profissionais são um risco, e estar adiantado sobre os riscos do próximo ambiente é informação valiosa, riscos previsíveis e controláveis.

Uma psicóloga pode ser encontrada semanalmente no restaurante para dar apoio aos problemas psicossociais internos ou de origem externa de cada funcionário. Uma CIPA antecede e agrupa problemas e riscos coletivos.

No salão dos restaurantes, um em cada lado da principal avenida do bairro, encontramos pequenos ou grandes grupos, em reunião discutindo novos planos ou comemorando resultados, sentados à uma mesa. O principal argumento em volta das mesas é sabor e arte, sabor da vitoria com a arte da guerra. Reuniões de PDCA, planejando ou pleiteando, discutindo ou decidindo, capitulando ou coordenando, atingindo ou alcançando. A sociedade que vivemos hoje é uma sociedade líquida, onde tudo se mistura facilmente.

A alimentação é uma mistura de aromas e sabores, que provocam sensações. A gastronomia é uma mistura de culturas e conhecimentos. O segredo de uma boa gastronomia é o equilíbrio dos ingredientes. A diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade.

 

 

FIM (5)

 

Jornal de HOJE

 
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  13/10/2013
 
 
 
Roberto Cardoso
(Maracajá)
 
 
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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A construção do conhecimento (4)


A construção do conhecimento (4)

 

Saberes e sabores. Coimbra é uma cidade portuguesa, localizada na região central de seu país, o maior núcleo urbano da região. Cidade historicamente universitária, a Universidade de Coimbra foi fundada em 1290. Uma cidade difusora de saberes e sabores.

Coimbra é um grupo conjunto de universidades brasileiras, representadas por parceiros em outros países, visando a internacionalização do conhecimento, promovendo uma cooperação entre as áreas da ciência, tecnologia e inovação. O denominado GCUB – Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras procura garantir um reconhecimento recíproco entre as instituições associadas, espalhadas pelo mundo, presentes em todos os continentes.

O objetivo do GCUB é internacionalização e a qualidade da educação de nível superior. Reuniu-se em Natal (1 a 4 de outubro/2013), para realizar o V Seminário Internacional e a VI Assembleia Geral. Estiveram presentes representações de quatro continentes. 

A delegação de universidades turcas (de Fatih e de Istambul) trouxe doces típicos para ofertar aos participantes do evento. Doces com uma influencia árabe visível aos olhos. Folhados e caramelados, com evidencias verdes de pistache. Quem sabe o pistache não seria o maná encontrado no deserto por Maomé e seus seguidores. Os turcos trouxeram sua cultura e seu conhecimento para ser socializado representado pelos seus doces típicos.

Todo o evento foi acompanhado de lunch, coffee break, breakfast e welcome cofee. O receptivo do Hotel Praia Mar (referencias geográficas de atrativos locais) ofereceu comidas de reconhecimento internacional com sabores típicos da região. Como quiche (França) de carne de sol; tortilhas (Espanha) de camarão; mini pizzas (Itália), croissant (França) de goiabada, a França já teve sua época de hegemonia mundial, econômica, culinária e cultural. Disponibilizou a água, de uso e consumo internacional, envolve e involve todos os continentes, o café conhecido mundialmente e sucos de frutas nativas.

O evento final foi com uma confraternização tendo como chair womam a Reitora da UFRN, que distribuiu aos convidados, lembranças (pequenas canecas) com imagens de pontos turísticos e CDs contendo gravações da cultura local. Um evento final com uma diversidade de cultural reunida em uma mesma mesa. A confraternização entre os povos foi realizada no restaurante que é um ícone da gastronomia potiguar. O termo potiguar refere-se aquele que come camarões e o restaurante escolhido para fazer o jantar de confraternização foi o Camarões. Terminado o jantar os convivas voltaram aos seus lares e nações com lembranças auditivas, visuais, olfativas e gustativas. Que foram enceradas pelo tato no ultimo momento da despedida, por abraços ou simples apertos de mãos.

O Camarões possui fornecedor próprio de matéria prima, e faz seus estoques de ingredientes em câmera fria, prontos para uso, e separados por praças (praças de molhos, praças de cozinheiros e etc), com uma gestão de quantidade e qualidade. Tudo comandado por um chef de cozinha mossoroense, filho da cidade que preserva e conserva a cultura. No cardápio gastronômico constam as misturas entre as culturas. Camarão internacional com arroz de origem asiática, batata frita que lembra a Bélgica e ingredientes de origem leiteira da região. Camarão a grega lembrando a cultura dos filósofos com suas alternâncias de sabores. Camarão com ervas finas associadas a manteiga do sertão. Outros exemplos podem ser encontrados no cardápio alem de uma carta de vinhos que pode proporcionar uma volta ao mundo aos enófilos.

 “Aumenta a nossa fé!” ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’ (Lc 17,5-10). A fé é o conhecimento, para aumentar o conhecimento é necessário plantar-se onde não é possível se fixar. O Grupo Coimbra vem plantando-se no mar para alcançar outras terras. O grupo faz o caminho inverso dos portugueses. Navegou-se pelos mares para chegar ao Brasil, agora se navega pela internet para encontrar outros continentes.

Não se adquire ou forma-se conhecimento parado olhando e ouvindo aquele que sabe.  O homem é um ser nômade, na Terra e no Universo. Só para, para descansar e reavaliar o rumo a ser tomado. Durante as suas paradas alimenta o corpo e a mente com as iguarias locais, que representam toda a história, e a cultura.

 

Jornal de HOJE

 
Entre Natal e Parnamirim/RN ─  6/10/2013
 
 
 
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(Maracajá)
 
 
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